A Centelha Em Cada Um De Nós - Parte 3
Hoje estamos aqui para a continuação de um dos Artigos mais importante da Academia Bacon Arcano: A Centelha Em Cada Um De Nos. Com duas partes já publicadas, esse Artigo visa trazer toda a parte fantástica que é o Universo do Magic, e como ele se comporta quando o exploramos de uma maneira única, nunca antes vista em comunidade de Magic. Hoje então chegamos a terceira parte dessa jornada, trazendo mais conteúdo que ira somar ainda mais ao entendimento que almejamos buscar.
Com sua Planeswalker hoje em Ravnica, ela conseguiu assim trazer a academia e somar a diversos dos estudos, artigos e posts que trazemos para os membros da comunidade. Airi, sua Planeswalker domadora de dragões, sobrevoa Ravnica com o olhar atento para grandes pequenas historias que passam pelas ruas dessa grande cidade, e ao encontra-las, elas registra tudo com seus traços, trazendo a vida ilustrações únicas que hoje somam a diversos dos Artigos da Bacon Arcano. São grandes exemplos disso todas as ilustrações do cotidiano de Ravnica nos Artigos: Os Arquivos de Ravnica Parte 1 e 2 que você pode encontrar aqui no Site a partir daqui:
http://baconarcano.blogspot.com/2019/01/os-arquivos-de-ravnica-introducao.html
Espalhadas através das artes, e somando a todo o universo, Airi também buscou trazer ainda mais vida e ligações a todas essas ilustrações únicas deixando pequenos Easter Eggs nelas. Easter Eggs esses que, bem, os únicos que poderão dizer quais são e descobri-los são vocês mesmos, Membros da Academia Bacon Arcano.
Ha por ai um grande universo para ser explorado das mais diversas formas, e você faz parte dele.
Se você não acompanhou as duas primeira partes de "A Centelha Em Cada Um De Nos", é recomodadíssimo que você as explore primeiro, antes de continuar essa leitura:
- Parte 1: http://baconarcano.blogspot.com/2018/08/a-centelha-em-cada-um-de-nos.html
- Parte 2: http://baconarcano.blogspot.com/2018/08/a-centelha-em-cada-um-de-nos-parte-2.html
Nas duas primeira partes desse Artigo reservamos o espaço para sintoniza-los nos ideias da Bacon Arcano, na nossa visão de como usar o Multiverso de Magic da melhor maneira, assim como passamos por teorias de criação de personagem; como trazer os seus ideias, sua personalidade e sua própria historia para dentro do Multiverso do Magic e da Bacon Arcano. Bons exemplos de boas Lores e membros que realizaram feitos únicos foram dados ao longo desses dois Artigos. Mas os bons exemplo dentro da Academia jamais param.
Hoje, em A Centelha Em Cada Um De Nós - Parte 3, buscaremos adentrar nos modos como uma boa historia pode ser contada.
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Contar uma boa historia não é tarefa fácil, e talvez o lugar mais importante para se começar ao se sentar para escrever é buscar o que você está usando de inspiração para criar a obra. Cada um busca sua inspiração em lugares distintos.
Seja a criação a partir do nada: uma pura explosão de sentimentos tirados e organizados do próprio consciente, vindo do convívio e experiencias da vida.
Seja algo físico: uma imagem, uma arte, um livro, uma foto, um objeto.
Seja algo abstrato: algo que nem mesmo o próprio criador pode dizer ao certo da onde veio, mas que está la, e precisa de alguma forma ser feito.
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Contar uma boa historia não é tarefa fácil, e talvez o lugar mais importante para se começar ao se sentar para escrever é buscar o que você está usando de inspiração para criar a obra. Cada um busca sua inspiração em lugares distintos.
Seja a criação a partir do nada: uma pura explosão de sentimentos tirados e organizados do próprio consciente, vindo do convívio e experiencias da vida.
Seja algo físico: uma imagem, uma arte, um livro, uma foto, um objeto.
Seja algo abstrato: algo que nem mesmo o próprio criador pode dizer ao certo da onde veio, mas que está la, e precisa de alguma forma ser feito.
Dentro desses conceito de criação, um segundo impasse que o criador tem é sobre qual o formato que ele ira expressar tudo aquilo que está querendo colocar para fora.
A organização de ideias é algo incrível e difícil de ser feito. A rotina é corrida, parar e se organizar é algo não natural hoje, e um formato sobre o qual se organizar é algo que ajuda muito o resto a fluir bem. Muitos optam pelo texto épico, narrativa simples e direta, e isso é ótimo pela familiarização que os possíveis leitores possam ter sobre esse formato; é algo que já foi utilizado por boa parte dos participantes do Concurso de Lores, e algo que já deu a vitoria a maioria dos campeões do mesmo.
Porem, não apenas de um único modo esse tema se sustenta, e a criatividade deve reinar nesse momento. A busca por um formato que faça sentido para aquela historia que quer ser contada deve ser respeitada; pois, assim que o formato certo for encontrado, não somente somará para que a historia seja contada da maneira certa, como também poderá te ensinar algo para o futuro ou ate mesmo, por quê não, somar de alguma maneira para a própria historia.
Hoje na academia já tivemos diversas formas de expressão que foram usadas pelos membros não para ser a obra completa, mas para somar a ela, e todos eles são ótimos exemplos para o que queremos passar aqui. Pense no formato principal do texto como um caixa: nos não esperamos que ela seja nada mais do que algo que funcione, e que caiba todas as ideias dentro e de uma maneira organizada. Mas agora pense que um formato de expressão extra possa ser uma pintura, que tinja essa caixa por fora, e deixe ainda mais apresentável o que esta la dentro. Essa caixa deve ser criada para que as ideias mais importantes sejam colocadas e organizadas de uma maneira segura e que faça sentido, mas nao quer dizer que você não possa enfeita-la por fora com mais coisas. Alguns formatos foram descobertos como possíveis para isso durante o processo de escolha do formato, e acabaram não sendo utilizados para a historia principal, porem foram usados para somar a obra de alguma forma. Veremos a seguir bons exemplos disso:
Hoje na academia já tivemos diversas formas de expressão que foram usadas pelos membros não para ser a obra completa, mas para somar a ela, e todos eles são ótimos exemplos para o que queremos passar aqui. Pense no formato principal do texto como um caixa: nos não esperamos que ela seja nada mais do que algo que funcione, e que caiba todas as ideias dentro e de uma maneira organizada. Mas agora pense que um formato de expressão extra possa ser uma pintura, que tinja essa caixa por fora, e deixe ainda mais apresentável o que esta la dentro. Essa caixa deve ser criada para que as ideias mais importantes sejam colocadas e organizadas de uma maneira segura e que faça sentido, mas nao quer dizer que você não possa enfeita-la por fora com mais coisas. Alguns formatos foram descobertos como possíveis para isso durante o processo de escolha do formato, e acabaram não sendo utilizados para a historia principal, porem foram usados para somar a obra de alguma forma. Veremos a seguir bons exemplos disso:
- Artes
O uso de artes autorais é algo fantástico e que pode somar muito a historia de diversas maneiras. Independente de qual seja o traço, ela pode ajudar muito a apreciação de uma boa historia caso ela seja bem utilizada e posicionada. Pode trazer o visual de uma cena descrita no próprio texto, como pode trazer uma cena que nem mesmo esta no texto mas sim que traga um extra para ele. Na Academia Bacon Arcano, dentro dos Concursos de Lores, podemos presenciar diversos formatos de artes autorais sendo utilizados: pinturas aquarelas, desenhos a lápis, desenhos digitais, quadrinhos.
Você pode apreciar alguns desses exemplos através do link:
http://baconarcano.blogspot.com/2019/02/concurso-de-lores-fevereiro-finalistas_25.html
- Musica
http://baconarcano.blogspot.com/2019/02/concurso-de-lores-fevereiro-finalistas_25.html
- Musica
O uso de musica traz a imersão para que o leitor adentre naquele universo que você está querendo construir. Ele precisa acreditar naquilo pelo período que está lendo, e com certeza ter musica passando pelo seus ouvidos é algo que o ajudará a se desligar do real por um momento e mergulhar em um universo que pode ser muito diferente do nosso. O uso de musica como plano de fundo foi ainda pouco explorado na Academia, mas mesmo assim não deixamos de ter um bom exemplo disso que inclusive pode ser encontrado na parte 1 da A Centelha Em Cada Um de Nos:
http://baconarcano.blogspot.com/2018/08/a-centelha-em-cada-um-de-nos.html
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Tendo passado por formatos que podem somar a sua historia principal e visto bons exemplo de como podem ser utilizados, agora ficamos com questão principal: quais outros formatos poderiam ser utilizados, tanto para somar como para abraçar a obra principal? Bem, sobre essa questão nos não temos uma melhor maneira de responder do que entrando no:
Hall dos Herois
Hoje trazemos para o Hall dos Herois trés grandes membros que produziram coisas fantásticas nos últimos meses dentro da comunidade, e hoje merecem estar aqui somando a esse seleto lugar de membros da Academia que buscam a cada dia mais serem melhores para a comunidade. E ao mesmo tempo que trazemos isso, nos colocamos aqui a prova que as formas de se contar uma boa historia não tem limites e que cada dia você, escritor ou aspirante a escritor da Bacon, pode inovar e fazer algo único.
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1- O Poder da Poesia
Trazemos ao Hall dos heróis a membra Ana Laura, e ao mesmo tempo que fazemos isso, a parabenizamos pois ela foi a campeã do Concurso de Lores de Mês de Março. Com um formato incrível a Ana Laura conseguiu contar uma boa historia e ganhou a atenção do publico em uma forma inédita nos Concursos de Lores: Poesia. A Ana Laura é estudante de Letras, e possui uma grande paixão por leitura e produção da mesma. E ela juntou tudo isso a sua participação na comunidade e criou a Lore que lhe deu a vitoria nesse concurso super disputado! Fica aqui os nossos parabéns a campeã, assim como agradecimento por poder ter um exemplo tão bom à somar a esse artigo.
Ato 1 Antes da guerra
Estava lindo o amanhecer
Quando começaram a marchar
Todos ali queriam ascender
Mas só uma soldado iria desabrochar
Ela se sentia sempre forte e corajosa
Pensava que estava seguindo a lei certa
Não deveria ficar orgulhosa
Pois a verdade estava encoberta
Quando terminou seu treinamento
No mesmo instante regressou uma mensagem
" A guerra está em desenvolvimento
Ja se preparem para a viagem"
A jornada começou naquele entardecer
Muitos soldados enfileirados
Pois não havia tempo a perder
Todos estavam preparados
Milhares deles começaram o trajeto
Seguindo rumo a guerra anunciada
Andavam todos quietos
Mas a mente estava a ideia pendenciada
" Será que vou sobreviver?
Ou a morte será sentenciada?"
Ato 2 Depois da guerra
A batalha já havia começado
Flechas , escudos e espadas
Escuto um urro de dor aguçado
Logo corri, muito preocupada
Minha companheira havia levado um golpe letal?
Olho em seus olhos e transmito compaixão à ela
A flecha em seu peito foi fatal
Seguro por instantes sua mão com cautela
Minha alma estava em pranto pelo que eu tive que perder
Mas naquele momento a razão gritou mais alto
"Por isso que você têm que vencer"
Empunhei a espada com exalto
E fui com mais coragem enfrentar os opositores
Uma luta de espadas quase sem cessar
Mediante à tudo, muitos atos desertores
Porém os soldados Boros não queriam fracassar
Já cansada não me dei por vencida
Pela justiça lutaria até a morte
A espada do meu inimigo pertencida
Rasga minha laringe com um corte
Em 5 segundos a minha vida corria pela minha mente
Sabia que ali seria o meu final
Mas nesse momento ocorreu algo surpreendente
O ambiente mudou e de pessoas nenhum sinal
A dor enorme que tinha também havia desaparecido
"Será que eu estou no paraíso?"
Na cabeça só vinha isso
A verdade só viria quando preciso
A Bacon Arcano entrou na minha vida depois disso
- Ana Laura
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2- Real Fantasia
Abrimos o Hall dos Heróis para um acontecimento que marcou os bastidores da comunidade nos últimos meses e foi protagonizado pelo Planeswalker Caio César. Cosplayer, Caio foi diagnosticado com bipolaridade a pouco tempo, algo que o marcou muito e teve como coincidência sua entrada no Universo do Magic e da Bacon Arcano. Com isso Caio acabou descobrindo a criação de Lores incentivada pela Bacon Arcano, e achou ali não somente uma forma de criar algo único e satisfatório, mas também de expressar como ele se sentia de verdade. Uma Lore foi escrita pelo mesmo, ela traz toda a origem de seu personagem dentro da Bacon. Mas ele não parou por ai: ele inovou, e trouxe todo seu talento de Cosmaker e Cosplayer e produziu uma peça única que ilustra seu personagem.
"Escrever essa Lore foi uma experiência surreal. Externar uma vivência pessoal é sempre difícil e complicado, mas cada vez que eu parava para ler, via que transmitia não só a fantasia e a historia que eu tinha na cabeça, mas também uma parte de mim. Espero que todos que lerem se sintam motivados a criar histórias cada vez mais divertidas e mais encantadoras, inspirados tanto pelo Magic quanto pela comunidade." - Caio César
Fique a seguir com toda essa explosão de criatividade, assim como experimentação traga por Caio César:
"Escrever essa Lore foi uma experiência surreal. Externar uma vivência pessoal é sempre difícil e complicado, mas cada vez que eu parava para ler, via que transmitia não só a fantasia e a historia que eu tinha na cabeça, mas também uma parte de mim. Espero que todos que lerem se sintam motivados a criar histórias cada vez mais divertidas e mais encantadoras, inspirados tanto pelo Magic quanto pela comunidade." - Caio César
Fique a seguir com toda essa explosão de criatividade, assim como experimentação traga por Caio César:
Deck: Mono Red Equipamentos
Nome do Deck: Problemas de Temperamento
Planeswalker: Naderlock
O Caos e a Perda
Ele era um cara estranho. Muito estranho. Ficava parado num canto afastado, sempre distraído, no próprio mundo, e só conversava com poucas pessoas. O nome? Naderlock. Depois de um tempo o pessoal começou a chamá-lo de Nad. Tirando o nome, eu não tinha nada: nenhuma história. Pelo que os mais antigos deste lugar diziam, ele apareceu no Plano de Ígnia, coberto de sangue, chorando copiosamente, mas não dizia uma palavra. Mais tarde os tutores daqui tomaram conhecimento e o convidaram para aprimorar sua magia.
Eu cheguei quase na mesma época que Nad e me senti muito bem acolhido pelos tutores do lugar. Como me tornei Planeswalker? Foi simples, se comparado com a história de muitos aqui: sou um Mago Azul de nascença e sempre tive aptidão para controlar mentes. Mas o mesmo talento que tenho para magia mental tenho para ganância, e acabei tentando controlar a mente de quem eu não estava pronto. Resultado disso foram uma história realmente chata, uma cicatriz que me deixou metade careca, uma memória parcialmente comprometida e um olho azul incandescente que eu ainda não aprendi a controlar, mas que me transmite a aura das pessoas.
Exatamente esse olho que me fez ficar fissurado em Nad: quando o vi, a aura dele me transmitia algo forte, que não soube distinguir se era ressentimento, culpa, raiva ou uma mistura de todas essas coisas. Coisa diferente daqueles que pude ver desde que cheguei na Bacon Arcano, ou apenas não conheci todos ainda.
Mas acho que o que mais me motivou a falar com ele foi um dia, quando saí da biblioteca e esbarrei na saída com ele. Fora do meu controle, acabei estabelecendo uma conexão mental com ele por parcos segundos, o suficiente para vê-lo com um machado que era estupidamente grande, golpeando repetidas vezes um corpo que tinha morrido a pelo menos vinte investidas atrás, e chorando muito. Ainda é estranha a idéia de ver um cara como ele chorando, mas tudo pareceu tão real que eu apenas me motivei a procurar mais sobre a história dele. E depois de dias procurando qualquer pessoa que pudesse saber o que fosse sobre quem era Naderlock, resolvi perguntar para o mesmo.
Ele estava numa espécie de jardim, dedilhando no alaúde uma música que ouvi a muito tempo, mas a letra até hoje bate na minha cabeça: “Eu me machuquei hoje para ver se ainda sentia. Foquei na dor, a única coisa que é real.” Ele só tocava, e nem precisava cantar nada: a melancolia era sentida no ar.
- Melodia linda. - Ele parou a música, abriu os olhos e sorriu para mim. - Perdão por interromper, mas você deve ser Nad, correto? Naderlock? - Ele assentiu quando voltou a atenção para o alaúde. - Perdão por incomodá-lo, mas vi algo quando nos esbarramos semana passada e adoraria se pudéssemos conversar sobre. - A feição dele foi fechando enquanto eu dizia isso e pousou naquela aura de preocupação que normalmente o via. - Então, desde que acendi minha centelha venho tentando melhorar minha Magia sobre a Mente e achei que pudesse ajudá-lo de alguma maneira. - Ele virou pra mim, levemente interessado. Ótimo, acho que fiz algum progresso. - Pelo que todos me disseram, você chegou aqui em um estado difícil e eu não consegui ignorar toda a aura que emana de você, isso sem falar no que vi quando nos encontramos pela primeira vez. Confesso que fiquei muito intrigado com tudo e gostaria de saber mais de você.
Não sei qual das coisas que eu falei o convenceu, mas ele baixou os ombros e se virou para mim. Talvez ele só estivesse cansado? É uma possibilidade. Mas às vezes tudo que precisamos para contar algo é a companhia de um completo estranho: muros não precisarão ser construídos se você não vai pensar muito nessa pessoa no dia seguinte, certo? Não importa o motivo que o convenceu a olhar pra mim naquele momento aberto a conversar, mas a aura dele mudou bem de leve, quase como se a raiva que senti vinda dele escondia uma tristeza que eu ainda não era capaz de compreender. Nem sei se gostaria de compreender: existem coisas que você só aprende vivendo, e o olhar dele mostrava que ele viveu coisas que eu com certeza não entenderia.
Quem sabe até se eu sobreviveria.
Ele se levantou e pôs o alaúde no ombro, quando fez menção para que eu o seguisse e eu apenas o fiz. Passou por várias salas até chegar no Hall dos Heróis, onde se serviu de uma taça de Hidromel e me passou uma. Sentei no chão e ele sentou na minha frente, esperando.
- Ah, sim. Então, eu tenho um pouco de conhecimento em Magia relacionada ao poder mental, e consigo ver e manipular o que as pessoas vêem ou sentem. - Ele arqueou a sobrancelha. - Não, não é o tipo de magia que pretendo usar em você. Pretendo estabelecer uma conexão entre você e eu, meio que te deixando no comando, enquanto eu vejo tudo através daqui. - Apontei para o olho azul com o brilho intensificando. - Compreendeu? - Ele balançou levemente as mãos. Acho que foi um sim, então apenas levanto a mão, levando-a até perto da cabeça dele, sem tocar ainda. - Posso? - Ele assentiu e fechou os olhos. Toquei a testa dele e me concentrei. Pouco tempo depois as imagens ficaram mais claras: a sala pulsante vermelha e aparentemente infinita, com as nossas projeções astrais flutuando. Toquei a mão dele.
- Nad? Abra os olhos. - E ele o fez. Ficou sem reação por um tempo, mas logo se acostumou com a ideia. Eu também precisava me acostumar: apesar de já ter feito isso antes, dessa vez está muito mais poderosa. O que esse cara não conta?
- Nad, preciso que você se foque naquilo que quer me contar ou mostrar. Estamos no interior da sua mente e ela fará o resto. - Ele parou e olhou para cima. De alguma forma coisas foram tomando forma à nossa frente: um campo aberto, bem verde, uma grade e uma grande mansão do outro lado. No meio, dois homens, um mais baixo que o outro. - É você, Nad? - Ele assentiu - E quem é o outro? - Ele se concentrou um pouco mais quando comecei a ouvir o vento vindo da memória dele, junto com as risadas dos dois que com certeza estavam bêbados. - Dertrid. O nome dele é Dertrid. - O Nad daquela lembrança falou.
- Nesse lugar você fala? - Me virei para o Nad da Lembrança, enquanto o Nad da Realidade permanecia com os olhos fechados.
- Isso, não nasci assim.
Resolvi não perguntar nada. O olhar dele mais novo transmitia um tipo de felicidade, algo que o Nad da Realidade não tinha. Acho que não era o tipo de felicidade que eu gostaria de estragar.
- Era uma época boa essa, sabe? - Nad se virou para mim enquanto o outro cara se aproximou de uma roda de indivíduos das mais diversas raças: gigantes, anões, humanos, e algumas outras que eu não soube identificar. - Mesmo que eu e Dertrid vivêssemos aprisionados, sem poder sair do Complexo, não tínhamos consciência disso. Éramos trabalhadores que fugiam para beber hidromel no fim do dia, tínhamos uma cama para dormir à noite e comida sem que precisássemos pagar. Às vezes penso se valeu a pena fugir de tudo isso.
- E você tinha família nesse lugar?
- Bom, minha mãe morreu no parto e meu pai morreu poucos anos depois. A não ser pelo meu avô, que já não batia muito bem na época, Dertrid era o único que eu ainda considerava família. Nascemos com dois anos de diferença e fomos postos no mesmo campo de trabalho quando chegamos à idade, para trabalhar nas minas. Alguns anos depois cultivamos uma amizade pela qual eu era capaz de morrer, e sei que ele faria o mesmo por mim.
- E o que mudou, Nad? - Perguntei enquanto a expressão dele se fechava.
- Aconteceu meu avô. - Quando ele disse isso, o ambiente mudou. Estávamos num quarto, um cara já muito velho na cama. - Quando ele morreu, me deixou um conjunto de cartas e escritos que falavam de uma época onde as raças que viviam nesse Campo eram livres. Eu os li, cada um deles, histórias que já tinham sido esquecidas com o tempo. Inclusive descobri que o avô do meu avô viveu antes do que eles chamaram de A Grande Caçada, e que meus antepassados nunca descobriram a razão de tudo o que aconteceu.
- E o que realmente aconteceu, Nad? - Àquela altura, já estava completamente absorto na história.
- Versão resumida? Depois da morte do meu avô, procurei tudo que pude saber sobre o evento. Em um dos escritos deixados por ele, acabei descobrindo um tipo de biblioteca que continham documentos antigos no meio das minas, numa região que diziam estar completamente esgotada. Nos pergaminhos meus antepassados contaram sua versão: Kassor, um Anjo General Branco, e Lihvei, um Mago Humano Azul, se juntaram para caçar e aprisionar indivíduos de várias outras raças do Plano de Geekiev. Suspeitavam de busca pela raça pura e avanços nos estudo de Magia. O fato é que a caçada surpreendeu todos e algumas raças sofreram imensamente e, os que não morreram, foram aprisionados nesse Campo. E posteriormente várias gerações nasceram e morreram nesse lugar. Mas meu grande erro foi achar que tudo que eu estava fazendo permanecia escondido. - Ele se virou para mim. - Agora vem uma parte que infelizmente não poderei mais falar com você, porque tudo que falei está diretamente ligado ao que vivi naquele tempo. Tudo bem para você? - Assenti. - Ótimo.
Assim que ele falou isso, a lembrança mudou e eu o vi sendo carregado por um corredor estreito com várias portas abertas. Vários seres o observavam de dentro delas enquanto Nad passava por eles… Ferido? Definitivamente estava. Mais a frente o vi ser jogado numa sala escura e trancado logo depois. Dois segundos vi uma faísca se transformar em fogo e ascender uma tocha, a ponto de iluminar a silhueta de alguém que só agora percebi que estava ali.
- Boa Noite, Naderlock. - Disse a mulher, com um ar de superioridade e um olhar que poderia cortar alguém ao meio. - Perdão pelo modo como você foi trazido para cá, mas chegou ao meu conhecimento que você andou procurando coisas que não são da sua responsabilidade. Estou correta?
- Não, não está. É a história do meu povo, é a minha história. Tenho direito de saber! - Era perceptível que ele estava com medo, mas com uma raiva que crescia mais a cada segundo.
Arte: Raquel Araujo
- É a história que o seu povo diz ser verdade, mas não é. Espero que isso esteja claro para você.
- O que está claro para mim é que isto aqui é uma prisão! E que vocês mataram o meu povo! O MEU POVO!!! - Ele tentou avançar para cima dela, mas tanto as mãos como os pés estavam presos com magia. - Se essa não é a verdade, qual é?
- Você quer saber a verdade, então? - Ela soltou uma risada - Tudo bem. Você sabe por que você está preso aqui? Porque você possui a marca de uma Magia de Desordem. Uma magia que ameaça o bem estar de todos neste plano. Uma magia que só traz desgraça para todo o progresso que tentamos fazer. Era para você nem existir. Você e todas essas raças que mantemos aqui deveriam estar mortos. Mas aparentemente alguém de magia Preta lançou uma maldição sobre todos nós: quaisquer dos nossos que matassem um dos seus, morreria. Simples assim. Fomos obrigados a mantê-los aqui como prisioneiros, depois como escravos, e agora como escória.
- E por quê você está me falando isso? - O medo foi tomando conta do olhar dele enquanto ela falava.
Ela avançou e pôs a mão na garganta dele - Porque eu estou com saudade de ter um motivo para fazer isso. - Os olhos dela acenderam e sua mão começou a apertar mais o pescoço de Nad, que soltou um grito limpo e carregado, que aos poucos foi dando lugar às lágrimas dele enquanto o grito enfraquecia.
Virei para a projeção do Nad que estava comigo chorando também e o que se seguiu foi uma sequência de várias imagens.
Nad voltando para o quarto, recebido por Dertrid.
Dertrid numa mesa gritando, acompanhado de todo tipo de raça.
Naderlock ao lado de Dertrid, seguidos por um exército de raças usando Magia Vermelha.
Nad e Dertrid lutando com a General que lhe tirou a voz.
Dertrid morto.
Dertrid morto e a General Viva.
Dertrid morto e um Naderlock completamente enfurecido.
O que sobrou do exército vermelho liderado por Naderlock, compartilhando cada gota de fúria incandescente que ele emanava.
A General morta enquanto Naderlock urrava, acendendo sua centelha e aparecendo no Plano de Ígnea.
Mas algo não encaixava. Algo me deixou intrigado, como se houvesse algo faltando. Algo que ele claramente não quis me mostrar.
- Nad, o que você está escondendo? - Voltei minha atenção para ele e perguntei antes que pudesse pensar, então não tinha como voltar atrás agora. - Como Dertrid morreu?
As imagens mudaram novamente. Estávamos na Revolta, mais precisamente quando Nad e Dertrid encontraram a General.
- Acabou, General Mira. Ordene que seus soldados parem, ou nós também não pararemos.
- Acha que eu vou deixar a oportunidade de acabar com todo o atraso neste plano destruindo a raça de vocês? Sempre pensei que deveriam matar todos vocês, mas o Anjo Kassor me proibiu, dizendo que não era certo matar os nossos em prol disso. Eu sempre achei que era um preço baixo a se pagar pelo desenvolvimento, mas ele sempre achou que a maldição tinha sido um sinal para que parássemos com a matança, mas ele está errado. OUVIU ESSA, MALDITO?!?! - Ela olhou para cima, e seu olhar tinha sede de sangue, beirando a loucura. Nesse momento Dertrid avançou e Nad não conseguiu impedir. Envolveu a cabeça dela com as mãos, que começaram a soltar um brilho azul forte, assim como seus olhos. Dertrid era um Mago azul? Pensei comigo, enquanto via o brilho crescer, enquanto a General urrava de dor. Mas não foi o suficiente. Dertrid caiu no chão, aparentemente sem vida.
Nad ficou parado por alguns segundos, enquanto a risada histérica de Mira aumentava. Pouco depois a expressão de Nad se fechou, enquanto outros guerreiros se juntaram perto dos dois, de ambos os lados, alimentados pela fúria que emanava de ambos.
O que se seguiu foi uma explosão de gritos e sangue, enquanto Nad ia em direção à General e todos os outros batalhavam por suas vidas, por liberdade, ou por medo.
Mas minha atenção continuava em Dertrid.
Ele ainda respirava. Pouco, mas respirava. Logo depois disso, seu corpo desapareceu. Ninguém viu para onde, mas eu sabia.
- Dertrid foi parar em Himya, certo? - Eu sabia o nome do lugar. Foi para onde eu transplanei quando acendi a centelha. Comecei a chorar. - Foi por isso que você aceitou contar sua história para mim, certo? Por isso fiquei tão fascinado por você, certo?
Nad assentiu e saímos da mente dele para onde estávamos antes de entrar na mente dele. Estávamos os dois chorando.
- Que bom que você conseguiu, meu amigo. - Abracei-o, e ele fez o mesmo. - Não sei quanto mais da minha memória foi apagada, então temos muito para conversar.
- O que está claro para mim é que isto aqui é uma prisão! E que vocês mataram o meu povo! O MEU POVO!!! - Ele tentou avançar para cima dela, mas tanto as mãos como os pés estavam presos com magia. - Se essa não é a verdade, qual é?
- Você quer saber a verdade, então? - Ela soltou uma risada - Tudo bem. Você sabe por que você está preso aqui? Porque você possui a marca de uma Magia de Desordem. Uma magia que ameaça o bem estar de todos neste plano. Uma magia que só traz desgraça para todo o progresso que tentamos fazer. Era para você nem existir. Você e todas essas raças que mantemos aqui deveriam estar mortos. Mas aparentemente alguém de magia Preta lançou uma maldição sobre todos nós: quaisquer dos nossos que matassem um dos seus, morreria. Simples assim. Fomos obrigados a mantê-los aqui como prisioneiros, depois como escravos, e agora como escória.
- E por quê você está me falando isso? - O medo foi tomando conta do olhar dele enquanto ela falava.
Ela avançou e pôs a mão na garganta dele - Porque eu estou com saudade de ter um motivo para fazer isso. - Os olhos dela acenderam e sua mão começou a apertar mais o pescoço de Nad, que soltou um grito limpo e carregado, que aos poucos foi dando lugar às lágrimas dele enquanto o grito enfraquecia.
Virei para a projeção do Nad que estava comigo chorando também e o que se seguiu foi uma sequência de várias imagens.
Nad voltando para o quarto, recebido por Dertrid.
Dertrid numa mesa gritando, acompanhado de todo tipo de raça.
Naderlock ao lado de Dertrid, seguidos por um exército de raças usando Magia Vermelha.
Nad e Dertrid lutando com a General que lhe tirou a voz.
Dertrid morto.
Dertrid morto e a General Viva.
Dertrid morto e um Naderlock completamente enfurecido.
O que sobrou do exército vermelho liderado por Naderlock, compartilhando cada gota de fúria incandescente que ele emanava.
A General morta enquanto Naderlock urrava, acendendo sua centelha e aparecendo no Plano de Ígnea.
Mas algo não encaixava. Algo me deixou intrigado, como se houvesse algo faltando. Algo que ele claramente não quis me mostrar.
- Nad, o que você está escondendo? - Voltei minha atenção para ele e perguntei antes que pudesse pensar, então não tinha como voltar atrás agora. - Como Dertrid morreu?
As imagens mudaram novamente. Estávamos na Revolta, mais precisamente quando Nad e Dertrid encontraram a General.
- Acabou, General Mira. Ordene que seus soldados parem, ou nós também não pararemos.
- Acha que eu vou deixar a oportunidade de acabar com todo o atraso neste plano destruindo a raça de vocês? Sempre pensei que deveriam matar todos vocês, mas o Anjo Kassor me proibiu, dizendo que não era certo matar os nossos em prol disso. Eu sempre achei que era um preço baixo a se pagar pelo desenvolvimento, mas ele sempre achou que a maldição tinha sido um sinal para que parássemos com a matança, mas ele está errado. OUVIU ESSA, MALDITO?!?! - Ela olhou para cima, e seu olhar tinha sede de sangue, beirando a loucura. Nesse momento Dertrid avançou e Nad não conseguiu impedir. Envolveu a cabeça dela com as mãos, que começaram a soltar um brilho azul forte, assim como seus olhos. Dertrid era um Mago azul? Pensei comigo, enquanto via o brilho crescer, enquanto a General urrava de dor. Mas não foi o suficiente. Dertrid caiu no chão, aparentemente sem vida.
Nad ficou parado por alguns segundos, enquanto a risada histérica de Mira aumentava. Pouco depois a expressão de Nad se fechou, enquanto outros guerreiros se juntaram perto dos dois, de ambos os lados, alimentados pela fúria que emanava de ambos.
O que se seguiu foi uma explosão de gritos e sangue, enquanto Nad ia em direção à General e todos os outros batalhavam por suas vidas, por liberdade, ou por medo.
Mas minha atenção continuava em Dertrid.
Ele ainda respirava. Pouco, mas respirava. Logo depois disso, seu corpo desapareceu. Ninguém viu para onde, mas eu sabia.
- Dertrid foi parar em Himya, certo? - Eu sabia o nome do lugar. Foi para onde eu transplanei quando acendi a centelha. Comecei a chorar. - Foi por isso que você aceitou contar sua história para mim, certo? Por isso fiquei tão fascinado por você, certo?
Nad assentiu e saímos da mente dele para onde estávamos antes de entrar na mente dele. Estávamos os dois chorando.
- Que bom que você conseguiu, meu amigo. - Abracei-o, e ele fez o mesmo. - Não sei quanto mais da minha memória foi apagada, então temos muito para conversar.
- Caio César
Cosmaker e Cosplayer: Caio César
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3- Sobre Relatos
O ato de descrever, relatar e reportar é algo muito importante, uma vez que sem ele varias coisas não seriam possíveis. E é por isso que a Acadamia Bacon Arcano conta com seus membros, espalhados por todo o Multiverso, em missões diversas, perigosas e importantes. Em cada um desses Planos, cada um desses membros presenciam diversos acontecimentos únicos, e que jamais chegariam ao conhecimento da Academia não fosse os reportes diários que correm pelos corredores do grandes salões dessa grande escola de magia. Com isso, finalizamos hoje o Hall dos Heróis com um membro cuja capacidade de registro trouxe diversas historias para a Academia, assim como ilustrou de uma maneira única e exclusiva coisas que talvez nunca teriam tido uma imagem se não fosse seus traços: Raquel Araujo.
Airi em Ravnica, por Raquel Araujo
http://baconarcano.blogspot.com/2019/01/os-arquivos-de-ravnica-introducao.html
Espalhadas através das artes, e somando a todo o universo, Airi também buscou trazer ainda mais vida e ligações a todas essas ilustrações únicas deixando pequenos Easter Eggs nelas. Easter Eggs esses que, bem, os únicos que poderão dizer quais são e descobri-los são vocês mesmos, Membros da Academia Bacon Arcano.
Ha por ai um grande universo para ser explorado das mais diversas formas, e você faz parte dele.
?, por Raquel Araujo
Parabéns aos membros (a) que conquistaram seus espaços no Hall dos Heróis. Todos por merecimento e grande contribuição para esta comunidade. Vocês tornam isto aqui cada vez melhor e do mais alto nível. Reconhecimento merecido e conquistado com dedicação e paixão que vocês demonstram com o empenho em manifestar a sua arte e expor seu trabalho.
ResponderExcluirTalvez eu não consiga expressar o que estou sentindo agora... É uma honra e um realização! Eu... Eu realmente fico muito feliz pela homenagem, de vdd!! Ilustrar cada uma daquelas artes, tornar as histórias mais imersivas, ajudar a comunidade... É simplesmente lindo... É a minha causa. Quero deixar registrado aqui o meu agradecimento à Bacon Arcano. Uma comunidade simplesmente incrível, única e que realiza coisas que eu jamais imaginaria. E, é por isso, que a Bacon não tem o meu sangue, mas tem aquilo que bombeia este sangue: o meu coração. Continuarei a me dedicar e dar o meu melhor por isto aqui que temos!!! Aos tutores e a todos dessa comunidade... Obrigada... Por tudo!
ResponderExcluirÉ incrível tamanha compreensão de um universo. Suas divercidades seus ideais. Cada contesto tem uma objetividade. Mais percebi que todo mago prescisa de uma inspiração! Seja na arte na música ou em um pequeno símbolo pra dispertar.
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